Sedação consciente com óxido nitroso em paciente traqueostomizado: Relato de caso
Palavras-chave:
Traqueostomia; Óxido Nitroso; Odontologia; Assistência Ambulatorial.Resumo
A sedação consciente com óxido nitroso/oxigênio (N₂O/O₂) é amplamente utilizada na odontologia por sua segurança, rápida titulação e mínimo impacto respiratório. Contudo, há escassez de estudos que abordem seu uso em pacientes traqueostomizados, o que representa uma lacuna significativa na literatura. Este artigo apresenta um caso clínico de sedação consciente com N₂O/O₂ em um paciente adulto traqueostomizado, destacando a adaptação da técnica, a monitorização e os resultados obtidos. Trata-se de um estudo descritivo e observacional, baseado no atendimento de um único paciente, conduzido com consentimento livre e esclarecido. A revisão de literatura mostrou ausência de publicações que relacionassem diretamente traqueostomia e sedação com óxido nitroso na Odontologia, reforçando a relevância do presente relato. Os achados demonstram que, apesar de limitações iniciais com o uso de máscara ventiladora devido ao escape aéreo, a administração do gás por sonda diretamente no estoma traqueal foi eficaz e segura, proporcionando sedação adequada e estabilidade clínica durante todo o procedimento. Conclui-se que o óxido nitroso pode ser uma alternativa viável para pacientes traqueostomizados, desde que haja adaptação técnica, monitorização rigorosa e profissional habilitado. Novos estudos são necessários para fundamentar protocolos específicos para essa população.
Referências
Girard, T. D.; Kress, J. P.; Fuchs, B. D.; Thomason, J. W.; Schweickert, W. D.; Pun, B. T.; Taichman, D. B.; Dunn, J. G.; Pohlman, A. S.; Kinniry, P. A.; Jackson, J. C.; Canonico, A. E.; Light, R. W.; Shintani, A. K.; Thompson, J. L.; Gordon, S. M.; Hall, J. B.; Dittus, R. S.; Bernard, G. R. & Ely, E. W. (2008). Efficacy and safety of a paired sedation and ventilator weaning protocol for mechanically ventilated patients in intensive care (Awakening and Breathing Controlled trial): a randomised controlled trial. Lancet. 371(9607):126-34. doi: 10.1016/S0140-6736(08)60105-1.
Gorayb, S. B. S.; Braz, J. R. C.; Martins, R. H. G.; Módolo, N. S. P. & Nakamura, G. (2004). Umidificação e aquecimento de gases inalados durante ventilação artificial com baixo fluxo e fluxo mínimo de gases frescos. Rev Bras Anestesiol. 54(1):20-36. doi: 10.1590/s0034-70942004000100004.
Jackson, D. L.; Proudfoot, C. W.; Cann, K. F. & Walsh, T. (2010). The incidence of sub-optimal sedation in the ICU: A systematic review. Crit Care. 14:R240.
Kress, J.P.; Pohlman, A.S.; O’Connor, M.F. & Hall, J.B. (2000). Daily interruption of sedative infusions in critically ill patients undergoing mechanical ventilation. N Engl J Med. 342(20):1471-7.
Long, L.; Ren, S.; Gong Y.; Zhao, H.; He, C.; Shen, L.; Zhao, H. & Ma, P. (2020). Different depths of sedation versus risk of delirium in adult mechanically ventilated patients: A systematic review and meta-analysis. PLoS ONE. 15(7):e0236014. https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0236014
Mashima, A.; Furutani, K. & Baba, H. (2024). Anesthetic management using desflurane and nitrous oxide in a child with non-ketotic hyperglycinemia: a case report. JA Clin Rep. 10(1):79. doi: 10.1186/s40981-024-00762-9.
Mehta, S.; Burry, L.; Cook, D.; Fergusson, D.; Steinberg, M.; Granton, J.; Herridge, M.; Ferguson, N.; Devlin, J.; Tanios, M.; Dodek, P.; Fowler, R.; Burns, K.; Jacka, M.; Olafson, K.; Skrobik, Y.; Hébert, P.; Sabri, E. & Meade, M. (2012). Daily sedation interruption in mechanically ventilated critically ill patients cared for with a sedation protocol: a randomized controlled trial. JAMA. 308(19):1985-92. doi: 10.1001/jama.2012.13872.
Minhas, M. A.; Velasquez, A. G.; Kaul, A.; Salinas, P. D. & Celi, L. A. (2015). Effect of Protocolized Sedation on Clinical Outcomes in Mechanically Ventilated Intensive Care Unit Patients: A Systematic Review and Meta-analysis of Randomized Controlled Trials. Mayo Clin Proc. 90(5):613-23. doi: 10.1016/j.mayocp.2015.02.016.
Nedergaard, H. K.; Jensen, H. I.; Stylsvig, M.; Lauridsen, J. T. & Toft, P. (2016). Non-sedation versus sedation with a daily wake-up trial in critically ill patients receiving mechanical ventilation – effects on long-term cognitive function: Study protocol fot a randomized controlled trial, a substudy of the NONSEDA trial. Trials. 17:269. doi: 10.1186/s13063-016-1390-5
Nedergaard, H. K.; Jensen, H. I.; Stylsvig, M.; Olsen H. T.; Korkmaz, S.; Strøm, T. & Toft P. (2020). Effect of Nonsedation on Cognitive Function in Survivors of Critical Illness. Crit Care Med. 48(12):1790-8. doi: 10.1097/CCM.0000000000004573.
Olsen, H. T.; Nedergaard, H. K.; Strøm, T.; Oxlund, J.; Wian, K. A.; Ytrebø, L. M.; Kroken, B. A.; Chew, M.; Korkmaz, S.; Lauridsen, J. T. & Toft, P. (2020). Nonsedation or Light Sedation in Critically Ill, Mechanically Ventilated Patients. N Engl J Med. 382(12):1103-11. doi: 10.1056/NEJMoa1906759.
Pereira, A. S. et al. (2018). Metodologia da pesquisa científica. [free ebook]. Santa Maria. Editora da UFSM.
Rother, E. T. (2007). Revisão sistemática x revisão narrativa. Acta Paulista de Enfermagem. 20(2), 5-6.
Shehabi, Y., Chan, L., Kadiman, S., Alias, A., Ismail, W. N., Tan, M. A. T. I., Khoo, T. M., Ali, S. B., Saman, M. A., Shaltut, A., Tan, C. C., Yong, C. Y., & Bailey, M. J. (2013). Sedation depth and long-term mortality in mechanically ventilated critically ill adults: a prospective longitudinal multicentre cohort study. Intensive Care Medicine. 39(5):910-8. (2012 = 2013)
Shetty, R. M.; Bellini, A.; Wijayatilake, D. S.; Hamilton, M. A.; Jain, R.; Karanth, S. & Namachivayam, A. (2018). BIS monitoring versus clinical assessment for sedation in mechanically ventilated adults in the intensive care unit and its impact on clinical outcomes and resource utilization. Cochrane Database Syst Rev. 2(2):CD011240. doi: 10.1002/14651858.
Soares, D. A. S.; Soares, A. S.; Wanzeler, A. M. V. & Barbosa, P. H. M .F. (2013). Sedação com óxido nitroso como adjuvante em procedimentos odontológicos. Belém, Pará: Centro Universitário do Pará (CESUPA).
Souza-Dantas, V .C.; Freitas, F. G. R. & Azevedo, L. C. P. (2022). Percepções e práticas sobre sedação superficial em pacientes sob ventilação mecânica: Um inquérito nacional. Rev Bras Ter Intensiva. 34(4):426-32.
Standey, T. H. & Liu, W. S. (1975). Tracheostomy and endotracheal tube cuff volume and pressure changes during thoracic operations. Ann Thorac Surg. 20(2):144-51. doi: 10.1016/s0003-4975(10)63868-4.
Steel, T. L.; Lokhandwala, S.; Caldwell, E. S.; Johnson, N. J.; Miller, C. D.; Gong, M. N. & Hough, C. L. (2021). Variability in sedation assessment among intubated patients in the emergency department. Acad Emerg Med. 28(10):1173-6. doi: 10.1111/acem.14259.
Strøm, T.; Martinussen, T. & Toft, P. (2010). A protocol of no sedation for critically ill patients receiving mechanical ventilation: A randomized trial. Lancet. 375(9713):475-80.
Tanaka, L. M.; Azevedo, L. C.; Park, M.; Schettino, G.; Nassar, A. P.; Réa-Neto, A.; Tannous, L.; de Souza-Dantas, V. C.; Torelly, A.; Lisboa, T.; Piras, C.; Carvalho, F. B.; Maia, M. de O.; Giannini, F. P.; Machado, F. R.; Dal-Pizzol, F.; de Carvalho, A. G.; dos Santos, R. B.; Tierno, P. F.; Soares, M. & Salluh, J. I. (2014). Early sedation and clinical outcomes of mechanically ventilated patients: a prospective multicenter cohort study. Crit Care. 18(4):R156. doi: 10.1186/cc13995.
Toassi, R. F. C. & Petry, P. C. (2021). Metodologia científica aplicada à área de saúde. (2ed). Editora da UFRGS.
Treggiari, M. M.; Romand, J. A.; Yanez, N. D.; Deem, S. A.; Goldberg, J.; Hudson, L.; Heidegger, C. P. & Weiss, N .S. (2009). Randomized trial of light versus deep sedation on mental health after critical illness. Crit Care Med. 37(9):2527-34. doi: 10.1097/CCM.0b013e3181a5689f
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Ariane Ramos Garcia; Caroline Aparecida Alves Pinto Fiorotto De Paula; Stefany Cordeiro de Oliveira; Yasmim Gomes de Oliveira; Thais Cordeschi; Beatriz Cruz Ferreira; Danielle Monsores Vieira

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.







